quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Então...

Surtei e decidi postar uma coisa que eu acabei de escrever. Espero que todo mundo odeie e tenha coragem de dizer que odiou. Tenho de confessar que eu não odiei desabafar assim.
CALA A BOCA.
OK.

***
A noite que nunca aconteceu
Possua-me completamente, eu te suplico. Carregue com tua correnteza todos os meus minutos de vida. Antigas paixões serão eliminadas por um processo erosivo. E assim, finalmente, poderei ser tua em paz.

Nenhuma música tem mais o mesmo ritmo. Não há livro que abrigue palavras cujo sentido é igual ao anterior. Comida alguma permanece com o mesmo sabor. A vida herdou nova coloração.

Você se lembra da primeira vez em que nos falamos? Sim, faz muito tempo. Quantos meses? Foi tão repentino que nem me recordo. Início do ano. Como foi mesmo que você surgiu na minha vida? Implicando comigo, nunca estabelecendo um laço verdadeiro de amizade. Entretanto, havia certa simpatia entre nós. Esta era cruelmente ignorada por meu ser. E por você?

Quando começamos a nos entrosar um pouco mais vimos como havia certa sintonia no ar. Também excluía essa possibilidade de meu corpo. Eu permanecia mesmo cética quanto às surpresas da vida. Talvez estivesse só dormindo. Nunca vou saber.
Naquela época o tempo parecia estar congelado pela minha amargura. Olhava para qualquer relógio e este marcava a mesma hora que há dez minutos. Às vezes, eram vinte, trinta... E para você? Como era a vida antes de mim? O que te fez confiar em mim?

Minha mente está tomada de perguntas rastejantes, incômodas, que morrem de vontade de ganhar uma resposta. O atrito provocado por essas interrogações resulta em faíscas que cedo ou tarde ajudarão a alastrar um incêndio que jamais poderá ser apagado. O que me importa saber como você se sentia? Não quero invadir teu mundo. Ele é seu e deveria me sentir honrada por ter nas mãos a passagem para viajar e conhecê-lo.

Este lapso de personalidade provoca mudanças definitivas em minhas maneiras de pensar e agir. Todavia, por favor, não tenha medo. Sou incapaz de causar algum mal a ti. Julgar-me assim, de alguma maneira, torna as coisas mais fáceis.

Acontece que minhas teorias conformistas não estão originando nenhuma parcela de felicidade em minha alma. O exato sentimento de incerteza trouxe uma companhia: a confusão. Eu não sei o que está acontecendo. Não tenho idéia do problema que está envolvendo você. Por que não me contas? Preferes deixar-me agonizando, sozinha, enquanto resolves tudo? Você alguma vez se lembra de que estou igualmente envolvida?

Perdão. Meus pensamentos não quiseram intrometer-se por mal em tua doce vida. Apenas estão inquietos, bailando de forma sincronizada ao som dos batimentos anacrônicos de meu coração. Não se preocupe, ainda consigo agüentar. Até porque estou sendo egoísta demais. Vejo que estás fazendo muita coisa por mim.

Mantenho ainda vivo em minha mente aquele nosso dia. Sim, aquele mesmo. Andávamos pela rua iluminados por luzes fracas que se fizeram extremamente necessárias. O aroma de teu cabelo que rodopiava gentilmente por seus dedos penetrava por minhas entranhas aumentando a magia do momento. Graças a você os relógios não marcavam mais a mesma hora; pelo contrário: elas desafiavam-se umas as outras competindo para decidir qual passava mais velozmente. Estava tarde. Nenhum de nós se atrevia a dar importância a isso. Sua casa aproximava-se e a saudade crescia gradativamente em mim. Não queria afastar-me de ti nunca mais. O portão estava trancado, fato que me levou a invadir a propriedade saltando para o outro lado. Permiti sua entrada. Como gratificação, suas mãos envolveram minha cintura e teus lábios encontraram os meus. A porta de tua casa pôde presenciar o ato mais romântico que dois corações poderiam alcançar, ultrapassando qualquer limite racional imposto pelas mentes mesquinhas da sociedade. Guardo comigo a certeza de que aquele beijo foi mais que sincero.

Só que dessa noite você não se lembra.

6 comentários:

Anônimo disse...

Você me inspirou pra postar uma coisa que escrevi, e não pretendia postar, pra não me expor.

Mas você teve coragem de postar algo assim, então vou seguir seu exemplo e me expor também (me aproveitando do fato que ninguém entra no meu blog xD)

Obrigada, Tumbemba.

Anônimo disse...

PS: hoje de manhã eu postei The Hush Sound no Unsent xD

João disse...

Se não é a segunda, é a terceira vez que eu me arrepio ao ler alguma coisa que você escreve, Tuguê.

E, apesar de achar que isso já diz bastante coisa, eu me senti na obrigação de dizer algo a mais, mesmo sem saber exatamente o quê.

Você tem toda a coragem que eu não tenho e uma das personalidades mais fortes com as quais eu raramente pude encontrar. Eu admiro muita coisa em você, mas, com toda certeza, esse é o ponto máximo, é o "uau, era isso da Twiggy que eu queria ter em mim".

Apesar desses quase três anos, ainda tenho muita Flávia pra descobrir nessa Twiggy. E pode ter certeza de que vou aproveitar esses momentos da melhor maneira possível!

Fique bem,
Miguelelê.

Faber disse...

Só pra dizer que acabei de tomar conhecimento de que estou linkado no seu blog, ok? =) ehehhe

beijocas

Julia disse...

Então, como eu não faço idéia de quem falas (aliás, isso tá se tornando freqüente em minha vida), passei só pra desejar feliz aniversário \o/
Lá lá lá :)

Rafaela Marinho disse...

Linkei este também tá? Beijão